UM OPERÁRIO DO CINEMA

Hoje eu perdi um amigo querido. Um cara que viveu para o cinema e as artes audio-visuais. Seu nome era Andreas Palluch. Ele nasceu na Hungria, mas veio criança para o Brasil, que ele amava de coração. No cinema foi diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia. Fez de tudo. Trabalhou com quase todos os bons diretores de cinema da sua geração. Trabalhou também na TV Manchete dirigindo programas. Foi um verdadeiro operário da câmera. E era feliz assim. André só estava em casa num set de filmagem.

Quem me apresentou a ele foi meu pai, Moysés Weltman, para quem havia dirigido curta-metragens pro cinema. Junto com André, como era chamado pelos brasileiros, fiz vários trabalhos -- filmes educativos pra secretaria de educação, programas de TV para a extinta TVJB e tinhamos vários projetos juntos. Que nunca iremos realizar. Uma pena. André era uma pessoa rara. Era excelente profissional, mas melhor ainda, era um ser humano da melhor qualidade. Honesto, justo, bom amigo, um indivíduo sempre querido pelos que com ele conviviam. Na juventude foi um galã. As moças viviam em volta dele como moscas sobre pão doce na padaria. Mas André era come-quieto. Quieto também ele era como marido e bom pai. O único defeito de André foi não ligar pra dinheiro. A falta de um bom plano de saúde lhe foi literalmente fatal. Morreu num hospital público. E a saudade que vai deixar será imensa. Que tristeza meu amigo...