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In a career spanning over 30 years of experience in journalism, TV production, film and TV scripts, Wladimir Weltman has worked for some of the most important companies in the industry in the USA and Brazil. Numa carreira que se estende por mais de 30 anos de experiência em jornalismo, produção de tevê, roteiros de cinema e TV, e presença frente às câmeras Wladimir Weltman trabalhou em algumas das mais importantes empresas do ramo nos EUA e no Brasil.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

OS JUDEUS MANDAM EM HOLLYWOOD?

Esta semana fui convidado a falar a residentes de um lar de idosos judeus no Vale de São Fernando, em Los Angeles. O assunto da palestra era A HOLLYWOOD JUDAICA. Minha proposta original era defender a teses de que a afirmação antissemita de que Hollywood é comandada por judeus é falsa, e se algo de verdade existe nisso, vai para muito além das tradicionais falácias antissemitas no estilo dos “Sábios de Sião”. Mas a diretoria do lar me pediu para evitar enfatizar as acusações espúrias dos antissemitas, resguardando o coração dos velhinhos. Ainda mais nesses tempos em que racistas enlouquecidos atacam sinagogas armados e a turma dos “fake news” adora postar informações falsas sobre a eterna conspiração judaica de dominação mundial. Busquei então falar do assunto, mostrando por A + B que a presença judaica em Hollywood apesar de marcante, nada tem de perniciosa, mas uma evolução natural da imigração judaica para os EUA no início do século 20 e um talento natural dos judeus para com o entretenimento. O que é a pura verdade. Nada melhor para derrubar preconceitos e falsas verdade do que os fatos. Algo que gente de mente estreita jamais se dá ao trabalho de fazer. O “achômetro” é a “ciência exata” dos idiotas, preguiçosos e medíocres. Essa então foi, na essência, a conferência que dei no “Los Angeles Jewish Home for the Aging-Eisenberg Village” em Reseda: “Segundo pesquisas oficiais, atualmente há cerca de 6 milhões de judeus nos EUA. Isso significa que a comunidade judaica americana é apenas 2,4% de toda a população adulta do país. Como seria então possivel que apenas 2,4% de um total de 300 milhões de habitantes seja responsável pelos destinos de Hollywood, a toda poderosa capital mundial do entretenimento audiovisual mundial? Teriam as teorias de conspiração por parte dos antissemitas algum fundo de verdade? Por incrível que pareça há uma boa chance de que essa afirmação não seja totalmente falsa. A resposta para isso não está em nenhum conspiração secreta, mas na história da indústria cinematográfica americana desde seu início. O cinema surgiu no final de 1800 -- em 1891 Thomas Edison inventou sua câmera de cinema e começou a produzir filmes. Outros fizeram o mesmo, mas Edison odiava a concorrência e os aos que usavam seus equipamentos, os perseguia com ações 2 judiciais para força-los a abandonar o rendoso mercado. Com isso os cineastas independentes (vários deles de origem judaica) decidiram se afastar ao máximo possível de Nova Jersey e do Sr. Thomas Edison. Eles foram parar numa cidadezinha insipiente perto de Los Angeles chamada Hollywood. Logo o lugar se tornou a Meca da produção cinematográfica. E em 1919 Hollywood já era o endereço definitivo do cinema americano. Quando os filmes ganharam som no início dos anos 30, seis dos primeiros estúdios estabelecidos em Hollywood haviam se tornado os maiores do país e todos eram dirigidos por judeus. Estamos falando de William (20th Century) Fox, a Universal Pictures de Carl Laemmle, a Paramount Pictures de Adolph Zukor, a Metro-Goldwyn-Mayer de Louis B. Mayer, a Columbia Pictures de Harry Cohn e a Warner Bros. dos irmãos Warner... Mas por que e como esses mega estúdios foram parar nas mãos de imigrantes judeus? Muitos desses magnatas do cinema vieram do comércio de roupas e do vaudeville, duas atividades nas quais os judeus-imigrantes eram bem-vindos e atuantes; e porque os banqueiros, o dinheiro antigo, a alta sociedade anglo-saxã-cristã olhava com desprezo e desinteresse para o cinema. Nessa época os judeus americanos viviam excluídos das demais indústrias, além dos clubes privados, hotéis e universidades. O comediante Groucho Marx, que começou a carreira artística no vaudeville e cujos pais vieram da Alemanha e da Alsácia francesa, uma vez disse, depois de ter sido recusado como socio num clube chique por ser judeu. Ele pediu que ao menos deixassem sua filha frequentar a piscina, já que ela era apenas meio judia: “Ela pode entrar na agua só até os joelhos”... Como os WASP (white Anglo-Saxon and protestant) achavam que o cinema era moda passageira e coisa de gentinha (os ingressos eram baratos e as classes menos privilegiadas lotavam as salas de projeção durante a depressão dos anos 30), os empresários judeus puderam tomar conta da indústria cinematográfica sem nenhuma restrição do “establishment”. Na verdade esses magnatas judeus da 7° arte, entenderam muito cedo que o cinema era um grande negócio. Existe até uma lenda de que os irmãos Warner antes de investir o que tinham em Hollywood, levaram a matriarca da família, dona Pearl Leah, pra assistir um filme e abençoar o investimento. Ao sair do cinema, Pearl comentou: “Me parece um ótimo negócio. O 3 cliente chega, paga antes de saber o que vai levar. E quando vai pra casa, sai com as mãos abanando, feliz da vida, prometendo voltar. E nem se precisa fazer estoque de mercadoria! Não pode haver melhor negócio.” A ironia, porém, é que esses imigrantes judeus, esses comerciantes astutos, alguns com apenas uma educação básica, ajudaram a criar a maneira como os americanos e o resto do mundo vêem os EUA. A imagem do que é a “América” e do chamado “sonho americano” foi uma ação de “branding” idealizada e realizada por Hollywood ao longo de anos através de seus filmes. Como esses judeuzinhos fizeram isso? O “American Dream” é o conjunto de hábitos, crenças, mitos que definem os Estados Unidos. Esse ethos americano inclui ideais como democracia, direitos humanos, liberdade, oportunidade e igualdade. O termo foi cunhado pelo autor e historiador James Truslow Adams em 1931, baseando-se na Declaração de Independência americana, que proclama que: “todos os homens são criados iguais” com o direito à “vida, liberdade e busca da felicidade”. Algo com o que esses imigrantes sonhavam ainda na Europa, onde os pogroms assassinavam os judeus e onde não havia perspectiva de uma vida melhor para nenhum deles. Os EUA representava para eles a possibilidade dessa nova vida, mais rica e mais completa, com oportunidade para cada um de acordo com sua habilidade ou esforço, independentemente da classe social ou circunstâncias de nascimento. Uma liberdade que incluía a possibilidade de prosperidade, sucesso e mobilidade social para eles e seus filhos, numa sociedade com poucas barreiras. Mesmo que a realidade americana não fosse realmente assim (e não o é até hoje), essa era a imagem que esses donos de estúdios queriam ver retratadas nos seus filmes. Como já dizia o poeta Raul Seixas – “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto, é realidade”. Ainda assim fica a questão: como simples homens de negócio puderam ter essa visão profunda e que gerou um resultado de proporções tão marcantes? A explicação disso talvez se encontre no DNA judaico... Ao longo da história, os judeus sempre foram chamados de “O Povo do Livro” por causa do vínculo eterno entre eles e a sua Torá, o Pentateuco, a Bíblia judaica. Um jornalista não judeu, Andrew Marr escreveu: “Os judeus sempre tiveram histórias para o resto de nós”. Desde cedo, contar histórias tem sido parte central da tradição judaica. Somos assim desde a época em que nossos ancestrais contavam histórias ao redor da fogueira à noite. Os judeus são animais contadores de histórias. 4 O falecido Elie Wiesel também disse uma vez: “Deus criou o homem porque Deus ama histórias”. Não é à toa que ao longo desses muitos anos de premiações da Academia de Cinema de Hollywood, mais de um terço dos Oscars de Melhor Roteiro Original e Melhor Roteiro Adaptado foram dados a roteiristas judeus. Entre os muitos indicados e ganhadores encontramos nomes como, Herman Mankiewicz, Paddy Chayefsky, Sidney Sheldon, Alan Jay Lerner, Richard Brooks, William Goldman, Claude Lelouch, Mel Brooks, James L. Brooks, Peter Shaffer, Ruth Prawer Jhabvala, Alfred Uhry, Steven Zaillian, Eric Roth, Akiva Goldsman, Aaron Sorkin, Graham Moore, David Rabinowitz & Charlie Wachtel, Taika Waititi, Tom Stoppard, Charlie Kaufman e um monte de outros. Também existe uma impressionante lista de grandes diretores de cinema. Mais de 26 Oscars foram entregues a diretores judeus como William Wyler, Michael Curtiz, Fred Zinnemann, Billy Wilder, Joseph L. Mankiewicz, Jerome Robbins, George Cukor, Mike Nichols, John Schlesinger, William Friedkin, Milos Forman, Woody Allen, Oliver Stone, Sydney Pollack, Barry Levinson, Ethan & Joel Coen, Steven Spielberg, Sam Mendes, Roman Polanski, Michel Hazanavicius (alguns deles também premiados como roteiristas). Sem mencionar que mais de 47 Oscars de Melhor Ator ou Atriz dados a artistas judeus. Afinal, a arte de fazer as pessoas chorar ou rir, seja na tela ou no palco, sempre foi uma tradição judaica. A comédia e o drama têm sido uma parte importante do judaísmo desde os tempos bíblicos. Quando Abraão disse à Sara, que já era idosa, que Deus predisse sua gravidez, Sara riu, e a criança foi chamada Isaac, que em hebraico é “Itz-chak”, ou seja – ela se riu... 5 Todo sábio judeu sempre transmite seus ensinamentos através de parábolas, fazendo a congregação rir ou chorar. Jesus era mestre nisso. Que outra nação ousa falar com Deus com doses descaradas de sarcasmo, ironia e ousadia mais do que os judeus? Somos essencialmente histriônicos e o mundo sempre foi nosso palco. Nada é mais natural do que vários de nós brilhássemos como centro das atenções ou na frente das câmeras de Hollywood. Aqui estão alguns dos grandes atores judeus que ajudaram e continuam ajudando a construir Hollywood – Paul Muni, Dustin Hoffman, Richard Dreyfuss, Paul Newman, Michael Douglas, Daniel Day-Lewis, Adrien Brody, Sean Penn, Joaquin Phoenix, Norma Shearer, Judy Holliday, Simone Signoret, Elisabeth Taylor, Barbra Streisand, Marlee Matlin, Helen Hunt, Gwyneth Paltrow, Natalie Portman, Ed Wynn, Peter Ustinov, Melvyn Douglas, Martin Balsan, Walter Matthau, Joel Grey, George Burns, Kevin Kline, Martin Landau, Alan Arkin, Shelley Winters, Goldie Hawn, Tatum O’Neal, Lee Grant, Jennifer Connelly e Patricia Arquette. Talvez a melhor resposta que um ator já deu a um antissemita sobre Hollywood e os judeus tenha sido a de Charles Chaplin. Quando lhe jogaram na cara que ele era judeu, Chaplin respondeu: "Receio não ter essa honra".” Por tanto, se algum antissemita repetir o comentário de que Hollywood é comandado por judeus, pode responder que ele está absolutamente certo – os judeus e seu imenso talento para contar histórias. Qualquer dúvida vá ler a sua Bíblia ou as indicações do Oscar... 

FIM

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