Morra de inveja: ele não só é rico, famoso e bem resolvido, como está noivo de uma das mulheres mais bonitas de Hollywood
O ator Michael Douglas, 55 anos, tem matado de inveja metade dos habitantes de Hollywood. Mais precisamente, a população masculina da terra do cinema. Desde o início do ano passado, ele namora uma das atrizes mais deslumbrantes e sensuais das telas, a galesa Catherine Zeta-Jones, 25 anos mais jovem que ele, protagonista de filmes como A Máscara do Zorro e A Casa Amaldiçoada. Catherine espera um filho de Douglas para meados deste ano e ambos planejam casar-se em breve. "Quando a vi pela primeira vez, foi como se tivesse levado um soco. Fui à luta para conquistá-la de qualquer maneira", diz o ator. Em 1995, Douglas divorciou-se de sua primeira mulher, com quem teve um filho, Cameron, hoje com 20 anos. Na época, jurou que não se casaria de novo e chegou a montar um apartamento de solteiro. Tudo em vão. Pouco tempo depois, dobrou-se aos encantos de Catherine.
Filho do veterano ator Kirk Douglas, Michael Douglas tornou-se um dos rostos mais conhecidos do cinema em filmes como Assédio Sexual (em que vivia tórridas cenas de amor com Demi Moore), Instinto Selvagem (idem com Sharon Stone) e Atração Fatal. Tem um Oscar de melhor ator por seu desempenho em Wall Street – Poder e Cobiça. Recebe 18 milhões de dólares por fita, um dos maiores cachês de Hollywood. A maior parte do público desconhece que ele é também um próspero produtor cinematográfico. Um de seus investimentos mais bem-sucedidos nessa área, em parceria com Saul Zaentz, foi em Um Estranho no Ninho, o soberbo filme estrelado por Jack Nicholson que, em 1976, arrebatou cinco Oscar nas principais categorias. Nas horas vagas, Douglas se dedica a campanhas em favor do desarmamento. Às vésperas de lançar nos Estados Unidos seu novo filme, Wonder Boys (ainda sem título em português), ele deu a seguinte entrevista a VEJA.
Veja – Depois de separar-se de sua segunda mulher, o senhor declarou que não pretendia mais se unir a ninguém. Mas há um ano está namorando a atriz Catherine Zeta-Jones, que está grávida de um filho seu e com quem pretende se casar. O que o fez mudar de idéia?
Douglas – Eu realmente pretendia ficar solteiro, mas me apaixonei por Catherine. O que mais posso dizer?
Veja – Como isso aconteceu?
Douglas – Fui assistir ao filme A Máscara do Zorro, no qual Catherine trabalha. Quando ela apareceu na tela foi como se eu tivesse levado um soco no queixo. Pow! Achei-a deslumbrante. Não me lembro de ter ficado tão fascinado por uma atriz na tela desde Julie Christie, e olhe que isso faz tempo. Semanas depois, fui ao festival de cinema de Deauville, na França. Sabia que Catherine também estaria presente com seu Zorro. Arranjei para sermos apresentados e, para minha sorte, além de bonita, ela se mostrou encantadora, com um senso de humor notável e sem nenhuma afetação. A imprensa sensacionalista noticiou que Catherine armou tudo para me conhecer naquele festival, mas não é verdade. Eu é que fui à luta porque estava fascinado por ela.
Veja – Catherine é 25 anos mais jovem do que o senhor. A diferença de idade atrapalha em algum momento?
Douglas – Até agora não atrapalhou. Pelo contrário. No nosso caso, ela ajuda bastante porque evita a competição entre nós. Tenho uma carreira estável, não preciso provar mais nada a ninguém, ao passo que Catherine está apenas iniciando no cinema. Dessa forma, posso torcer plenamente pelo seu êxito, sem compará-lo com o meu. Se ela se casasse com um ator de sua idade, seria inevitável que os dois competissem. Acredito que faz parte da natureza que, a certa altura da vida, os homens comecem a desejar mulheres mais jovens. Nem todos, é claro, procuram ou conseguem satisfazer esse desejo. Vale registrar que, nos últimos tempos, as mulheres mais velhas também andam bem atiradinhas para cima dos rapazes.
Veja – Quando e onde vocês vão se casar?
Douglas – Não conto de jeito nenhum. Quero evitar a todo custo o assédio da imprensa. Em nenhum momento de minha carreira fui objeto de tanta curiosidade. Tudo por causa de Catherine.
Veja – No início de sua carreira, o senhor foi um dos produtores de Um Estranho no Ninho, filme estrelado por Jack Nicholson que ganhou cinco Oscar. Como esse fato influiu em sua carreira? Douglas – Esse êxito precoce quase me levou à loucura. Eu tinha apenas 30 anos, trabalhava num seriado de TV sem importância e havia atuado em duas ou três fitas que nem sequer existem hoje em vídeo. Estava em busca de trabalho e resolvi tentar a produção. De repente o filme se transformou num tremendo sucesso e eu me vi com um Oscar na prateleira. A imprensa chegou a me chamar de garoto prodígio, imagine só. Esse é o tipo de rótulo que pode acabar com a vida de alguém.
Veja – Ser filho de Kirk Douglas o ajudou a atingir o estrelato?
Douglas – Sempre fui muito cobrado por isso. Quando assistia às atuações de meu pai, eu pensava: "Meu Deus, como posso ser igual ou melhor que ele?" Na verdade, só me tornei célebre depois de quarentão, com filmes como Atração Fatal e Wall Street – Poder e Cobiça. Até então, fiz um esforço louco para subir na vida, para me tornar um ator reconhecido.
Veja – Na juventude, o senhor mantinha uma certa distância de seu pai. Como está hoje a sua relação com Kirk Douglas?
Douglas – Depois que ele sobreviveu à queda do helicóptero em que viajava, há nove anos, num acidente que deixou dois mortos, ficamos mais unidos. É como se ele tivesse nascido de novo.
Veja – Vocês são muito parecidos fisicamente.
Douglas – Há poucas semanas papai me telefonou, às gargalhadas, para contar um episódio a respeito disso. Ele estava na frente da televisão tarde da noite, já meio com sono, quando se viu na tela, atuando num filme. Só que não conseguia se lembrar que fita era aquela. Foram necessários alguns minutos para que se desse conta de que o ator era eu, e não ele.
Veja – Quais os seus planos para se manter no topo?
Douglas – Acredito que o artista tem de se reinventar o tempo todo. Usando ainda o exemplo de meu pai: depois dos 70 anos ele resolveu ser escritor. Hoje, aos 83, tem seis romances e três livros infantis publicados. Jamais havia escrito nada antes. Em certos aspectos, a idade que temos é uma escolha nossa. Pode-se permanecer com a mente jovem por muito tempo. Esse mecanismo também pode ser prejudicial, é claro. Há muita gente que se recusa a crescer e, aos 50 anos, pensa e age o tempo todo como fazia aos 25.
Veja – O senhor milita em campanhas pelo desarmamento. Não é uma contradição que muitos de seus personagens, como o de Chuva Negra, usem armas de fogo e sejam violentos?
Douglas – Bem, às vezes é impossível seguir à risca os conselhos que damos. Embora eu considere as armas indesejáveis, elas fazem parte de nossa sociedade. Mas, pelo menos, meus personagens não usam armas de maneira irresponsável, porque desejam matar, pura e simplesmente. São mocinhos.
Veja – Acha que a violência nas telas pode influenciar o comportamento dos espectadores, principalmente os mais jovens?
Douglas – Bobagem. Os japoneses adoram filmes ultraviolentos e a criminalidade no país é baixíssima. O mesmo ocorre no Canadá e na Austrália. É saudável que a indústria do entretenimento discuta a possibilidade de tornar os filmes cada vez menos violentos, mas mais importante que isso é banir as armas, tanto aquelas pequenas, que circulam nas comunidades, quanto as armas nucleares, controladas pelos governos.
Veja – O senhor acaba de estrear um site próprio na internet, http://www.michaeldouglas.com/. A que ele se destina?
Douglas – É um site beneficente e sem fins lucrativos, mas bastante divertido para quem aprecia meu trabalho. Nele funciona uma espécie de fã-clube, em que o internauta se inscreve ao custo de 39,99 dólares por ano, dinheiro que será doado a organizações antiarmamentos. Em troca, ele tem acesso a notícias e chats sobre minha carreira. Vai também encontrar fotos minhas com Catherine que os jornais adorariam ter, mas não têm. Nós fazemos aniversário no mesmo dia, 25 de setembro, e vamos colocar no site imagens de nossas festas. Aliás, essa coincidência fez com que descobríssemos que uma quantidade incrível de pessoas aniversaria por volta dessa data. Sabe por quê? Porque cai exatamente nove meses depois dos feriados de Natal e Ano-Novo, quando nossos papais e mamães se dedicam a fazer várias vezes o que deixam de fazer no resto do ano.
Veja – O senhor é fanático pela internet?
Douglas – Não, mas sempre tenho um computador à mão, onde quer que eu esteja. Gosto de me corresponder on-line.
Veja – É rápido no teclado?
Douglas – Está brincando? Tenho sempre alguém para digitar as mensagens que desejo enviar ou responder. Nos últimos tempos, esse intermediário tem tido um trabalho extra: filtrar as dezenas de perguntas obscenas que me são feitas a respeito de Catherine.
Veja – Há quem ache que a popularização da internet vai tornar as pessoas mais solitárias e que, no futuro próximo, os filmes serão assistidos exclusivamente via rede. O que acha dessas previsões?
Douglas – Totalmente idiotas. Quando o videocassete surgiu, muita gente previu que as salas de cinema estavam com os dias contados, o que não aconteceu. Os adolescentes, por exemplo, jamais deixarão de ir ao cinema. É um dos poucos locais onde podem se encontrar sem a vigilância de seus pais. Isso, para eles, vale ouro. Imagine se algum jovem irá trocar essa experiência por uma tela de computador...
Veja – O senhor pretende usar sua militância para pleitear um cargo público, a exemplo do que faz o ator Warren Beatty?
Douglas – Não. Logo surgiria alguém para escarafunchar o meu passado. E, ao contrário do presidente Bill Clinton, sim, eu traguei. Além disso, em determinadas circunstâncias, um artista pode ser mais poderoso que um político.
Veja – Em quais circunstâncias?
Douglas – Quando dou uma entrevista falando em desarmamento e ela é publicada na seção de cinema dos jornais e revistas, acaba atingindo um público que normalmente não leria sobre o assunto. Além disso, um ator de sucesso costuma ser mais admirado do que um político. Ele também é conhecido no mundo inteiro por intermédio de seus filmes. Por isso, posso levar minha mensagem aos quatro cantos do globo e sempre terei platéias dispostas a ouvi-la. Que político goza dessa mesma condição? Nem mesmo Bill Clinton.
Veja – Em seu novo filme, Wonder Boys, o senhor vive um professor viciado em maconha. Foi difícil interpretar esse papel?
Douglas – Num país tão obcecado pelo politicamente correto como os Estados Unidos, rodar um filme com um herói que se droga é um atrevimento. Enfrentamos muitas desconfianças. O que salvou nossa reputação é que o professor, a certa altura, abandona a maconha e sua vida começa a melhorar.
Veja – Seu companheiro de elenco na fita, o ator Robert Downey Jr., foi preso por porte de drogas logo após a conclusão das filmagens. Condenado, recebeu uma pena de três anos. Esse fato o surpreendeu?
Douglas – Robert é um tremendo ator, mas todos no set sentiam que ele estava prestes a se meter em confusão. Havia se separado da mulher, estava voltando a Los Angeles deprimido e sem ter onde morar. Embora eu ache que sua pena tenha sido excessiva, penso que a única forma de curar um viciado é mesmo a cadeia. Há muitas pessoas que, como Robert, se internam seguidamente em clínicas de reabilitação para combater o vício e não conseguem. Saem de lá e continuam se drogando. Conheço gente que só conseguiu se curar do vício depois de passar um tempo na prisão.
Veja – Seu filho, Cameron, de 20 anos, foi preso no final do ano passado por porte de cocaína. Douglas – Até hoje estou perplexo com o que aconteceu. Longe de mim aconselhar outros pais sobre esse assunto, porque ainda não sei o que aconteceu com meu filho.
Veja – Como se sente às vésperas de ser pai novamente?
Douglas – Feliz. Espero que desta vez eu possa estar mais presente na educação e formação do meu filho. Quando Cameron era criança, eu trabalhava demais, estava sempre viajando para filmagens e campanhas promocionais. Agora vai ser diferente. Fico olhando para meus pais, já velhinhos mas ainda firmes, e penso que devo ter herdado bons genes. Estarei junto com meus filhos ainda por muito tempo. E com meu público também, é claro.
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