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In a career spanning over 30 years of experience in journalism, TV production, film and TV scripts, Wladimir Weltman has worked for some of the most important companies in the industry in the USA and Brazil. Numa carreira que se estende por mais de 30 anos de experiência em jornalismo, produção de tevê, roteiros de cinema e TV, e presença frente às câmeras Wladimir Weltman trabalhou em algumas das mais importantes empresas do ramo nos EUA e no Brasil.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

70 ANOS DA TV #4 - UM CARA QUE VALIA OURO

 


Restava nesta série de textos, em que homenageei meus mentores da TV, falar daquele que além de me inspirar a trabalhar nesse veiculo maravilhoso, foi e continua sendo minha bussola, meu guia, meu professor e meu amigo. Estou falando de meu pai, Moysés Weltman. Ser filho de um homem de sucesso e fama, como ele era, não é fácil pra ninguém. Ao longo da vida esbarrei em outros filhos de pais brilhantes e sei da luta que eles tiveram que travar para se firmar sobre seus próprios pés.

Para mim houve momentos difíceis, mas não por culpa dele. Como qualquer pessoa, tive que descobrir quem eu era, e qual era a minha voz como artista e profissional, atuando no mesmo meio em que ele trabalhava e brilhava. Acho que na medida de minha capacidade, consegui fazer isso. E o fiz em tempo de poder usufruir da companhia de meu pai como a de uma bom amigo.

Apesar de viver para o trabalho, seu Moysés não era um pai ausente. Apesar de ser famoso e importante a vista de muita gente, era uma pessoa simples e extremamente acessível. Papai era um ser humano muito doce e compartia com qualquer um a sua sabedoria, conhecimento e inteligência. Ao longo de minha vida pude desfrutar desse tesouro que Deus me deu.

Quanto ao seu amor pela televisão (algo que obviamente me contagiou), está registrado nos pontos altos de sua carreira.

Vejamos: na década de 50 papai foi um dos primeiros roteiristas que colaborou ativamente com a produção televisiva da TV Tupi recém inaugurada. Escreveu peças infantis para o TEATRINHO TROL de Fabio Sabag, adaptou peças importantes para O GRANDE TEATRO TUPI e foi o autor do primeiro seriado médico da TV brasileira – O JOVEM DR. RICARDO – com Cyl Farney e Teresa Rachel nos papeis principais.

No fim dos anos 50, ele já estava envolvido no projeto da TV Globo. Em 1959 foi aos EUA pesquisar os métodos de produção americanos. Na volta montou uma das primeiras produtoras de TV independentes do Brasil. Com o suporte financeiro de clientes de sua agencia de publicidade, a MW Propaganda, produziu o seriado infanto-juvenil OS TRÊS MOSQUETEIROS, gravado em vídeo-tape (novidade na época) na TV Continental, Canal 9 do Rio; atores como Sadi Cabral, José Miziára, Maurício do Valle e Francisco Cuoco no elenco. Foi lá também que ele produziu uma das primeiras Sitcom da TV, O MARIDO DA ESTRELA, com Theresa Amayo, Antonio Patinho e Claudio Correa e Castro; papai e seu amigo Mario Lago escreviam os roteiros.

Em 1965 fez parte do grupo fundador da TV Globo e foi seu primeiro novelista com novelas como ROSINHA DO SOBRADO, PADRE TIÃO e O REI DOS CIGANOS.

No anos 70 ele criou a mais importante revista semanal sobre televisão, a AMIGA. Sucesso editorial que se tornou mania nacional. Um publicação que chegou a ter mais de 100 mil copias de tiragem e que era amada igualmente pelo público, assim como pela classe artística.

No fim da década de 70 ele deixou a AMIGA e se envolveu no lançamento da TVS, que resultou na rede SBT. O próprio Silvio Santos, mais de uma vez, afirmou publicamente que a ideia de ter a sua própria televisão partiu de uma sugestão de papai. E foi em parte, graças a seus esforços, que em pouco tempo a rede de TV do Silvio alcançou o segundo lugar de audiência junto ao público nacional.

Moysés só deixou o SBT para embarcar noutro sonho televisivo chamado TV Manchete. Em 1983, quando a emissora tinha data marcada para entrar no ar, mas não conseguia se organizar pra enfrentar o desafio, papai abandonou a segurança do SBT e assumiu o desafio da televisão de Adolfo Bloch. Foi Moysés quem conseguiu colocar a TV Manchete no ar, com seu jornal de duas horas de duração e demais atrações. E, sob seu comando, a TV Manchete realizou a cobertura do Carnaval de 1984, deixando a Globo (que abrira mão do evento), pela primeira vez, preocupada com a concorrência.

Enquanto ele esteve no comando da recém criada emissora, está obteve sucessos marcantes na luta pela audiência. Infelizmente no final de 1985, um segundo e fatal infarte fez com que seu Moysés saísse de cena para sempre. Mas ele deixou sua marca nas três das mais importantes redes de televisão do Brasil.

Papai realizou muito mais do que isso na sua curta e prolifica carreira. Aqui apenas comentei de forma superficial o que fez de mais importante na TV brasileira. E, a maior riqueza que deixou, foi nos corações e mentes dos profissionais com quem trabalhou ao longo desses anos.

Nunca me esquecerei do dia em que no set do programa ZORRA TOTAL, onde eu era um dos roteiristas, o Chico Anysio me acenou para que me aproximasse. Seu filho Nizo Neto, meu colega de redação, me identificou como sendo filho do Moysés. Senti que o Chico estava genuinamente feliz de me conhecer e se lembrar de meu pai. Foi muito gratificante ouvir o Chico falando com saudade e apreço do meu velho. O que poderia ser uma acontecimento isolado, na verdade tem sido algo recorrente. Ainda hoje, quando encontro alguém do meio que descobre que sou filho de Moysés Weltman, a reação é sempre muito emocionante. Todos os que o conheceram, tem por ele o maior carinho e admiração. Num meio em que as vezes existem ciumeiras, brigas e maledicência, esse tipo de reação é extremamente valiosa. Diz tudo sobre a pessoa e o profissional que ele foi. Esse é o ouro que herdei do meu pai.

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