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In a career spanning over 30 years of experience in journalism, TV production, film and TV scripts, Wladimir Weltman has worked for some of the most important companies in the industry in the USA and Brazil. Numa carreira que se estende por mais de 30 anos de experiência em jornalismo, produção de tevê, roteiros de cinema e TV, e presença frente às câmeras Wladimir Weltman trabalhou em algumas das mais importantes empresas do ramo nos EUA e no Brasil.

sábado, 19 de janeiro de 2019

SERIES NETFLIX 2 - FAUDA MEANS CHAOS…



...But it’s from the chaos that comes the light!

by Wladimir Weltman

I just saw the whole second season of FAUDA, which I started to watch to get rid of the addiction of following SHTISEL... And I became addicted to FAUDA too.  The Israelis knows how to tell a good story. No wonder they wrote the greatest bestseller of all time, the Bible.

I have lived several years in Israel and with FAUDA I could see that my knowledge  of Hebrew is still intact. It was also great to learn some new slangs, like “sabába”. And I was impressed by the fluency of the Arabic spoken by the Israeli actors.

But the thing that I enjoyed the most with the series was its characters in both sides; the Israeli and the Palestinians. They were not mere clichés. They were real people of flesh and blood, living real dramas, which made me think of Shakespeare in its pathos and inevitable tragedy. Unfortunately, all based on the daily reality of Israel and the conquered territories.
I researched and discovered interesting things about the show. One of its creators and the star of the series, Lior Raz (Israeli agent Doron Kavillio), lived in Los Angeles, where he was the bodyguard of Arnold Schwartzeneger. He was born in Ma'ale Adumim but was raised in Jerusalem. Son of an Iraqi immigrant, Raz grew up speaking Arabic to his father and grandmother. He was an Israeli navy SEAL and acted in the "Shin Bet", a mix of Israeli secret service and the FBI. The Israelis, after serving 3 years in the armed forces provide a month of service in the reserve every year. That's what they call "Miluim." In the case of Raz, for 20 years he was part of the "Duvdevan" unit specializing in anti-terrorism.
In 1990, when Raz was 19, his girlfriend Iris Azulai was stabbed and killed by a Palestinian terrorist.
With his military experience, his personal life and the passage through Hollywood, Lior Raz could easily idealize the series along with Avi Issacharoff, who is an Israeli journalist specializing in the Palestinian issue. For more than 20 years, Lior has prepared for this role...
Another aspect of the series that is very interesting is the presence in the cast of Arab actors.
Hisham Sulliman (The Taufiq hammed, the "Panther") is an Arab-Israeli actor. Sulliman was born and raised in the Arab city of Nazareth, Israel. As a child, he started acting in community theater. In 1997, he moved to Tel Aviv to study in the ' Yoram Levinstein Studio ', where he graduated in 2000 and, among other films, participated in MUNICH by Steve Spielberg.
Laëtitia Eïdo, FAUDA’s Dr. Shirin El Abed, is a French actress with a French father and a Lebanese mother. She was born and raised in southern France. Her family is part Christian and part Muslim. But she also has Jewish blood. Some of her Lebanese relatives of Jewish origin emigrated to Israel in the 1970s. When Eïdo's mother, Muslim, married her father who is a Christian, she received severe criticism from the Muslims around her. Eïdo prefers to remain distant from religious and ethnic divisions. She has an extensive career in cinema and television, mainly in Europe.
Luna Mansour is the actress who plays Marwa in FAUDA’s second season. She was born in the city of Acre in northern Israel, but today she lives in Tel Aviv where she studied Arabic and English literature at the university. In 2011, she won first place in a beauty pageant for Arab women in Israel. She is one of the youngest of the cast and took part in only two TV series, FAUDA and DR GARAGE.
There's still a lot of Arab people in the cast of FAUDA. Which shows an integration between talents on both sides of the border. It made me think about something funny: I don't remember any Arab production in which Jews were cast in such preeminent positions...
For addicts like me, the good news is that FAUDA is coming back with its third season. But with the certainty that the series will end long before Israelis and Palestinians find peace between themselves.

FAUDA SIGNIFICA CAOS...
Mas é do caos que vem a luz...
por Wladimir Weltman
Acabei de ver a segunda temporada de FAUDA, que comecei a assistir para me livrar do vício de seguir SHTISEL... E curti muito.  A turma lá de Israel sabe como contar uma boa história. Não é à toa que escreveram o maior best-seller de todos os tempos, a Bíblia.
Para mim que vivi vários anos em Israel e ainda me lembro com prazer do hebraico, foi uma curtição ouvir de novo o jeito malandro de falar dos israelenses. E também aprendi novas gírias – sabába – e me impressionei com a fluência dos atores israelenses no árabe.
Mas o melhor da série são os personagens; seja do lado de Israel, seja dos palestinos. Não são meros clichês. São gente de carne e osso, vivendo dramas reais, que nos fazem pensar em Shakespeare, na sua dramaticidade e tragédia inevitável. E, o pior, baseados na realidade diária de Israel e dos territórios conquistados.
Os israelenses são exatamente como me lembro deles em sua maneira direta de ser, sem rodeios. E, os palestinos, como sempre suspeitei, são um grupo heterogêneo com posições políticas, religiosas e familiares diferentes. Nunca tive duvida de que 80% dos árabes de Israel e da Cisjordânia querem apenas uma coisa: como os judeus eles sonham apenas em poder trabalhar, manter suas famílias e criar os filhos. Aspiram por paz e segurança. Infelizmente os efeitos de um processo histórico dramático e suas repercussões, fazem com que isso seja impossível.
Fui pesquisar e descobri coisas interessantes sobre o seriado. Um dos seus criadores e o astro da série, Lior Raz (o agente israelense Doron Kavillio), viveu em Los Angeles, onde foi guarda-costas de Arnold Schwartzeneger. Ele nasceu em Ma'ale Adumim, mas foi criado em Jerusalém. Filho de um imigrante Iraquiano, Raz cresceu falando árabe com o pai e a avó. Ele foi comando da marinha israelense e atuou no “Shin Bet”, um misto de serviço secreto israelense e o FBI americano. Os israelenses, depois de servir 3 anos nas forças armadas do país, todos os anos, prestam um mês de serviço na reserva. É o que eles chamam de “miluim”. No caso de Raz, por 20 anos, ele fez parte da unidade “Duvdevan”, especializada em anti-terrorismo.
Em 1990, quando Raz tinha 19, sua namorada Iris Azulai foi esfaqueada e morta por um terrorista palestino.
Com a experiencia militar que teve, sua vida pessoal e a passagem por Hollywood, Lior Raz facilmente pode idealizar a serie junto com Avi Issacharoff, que é um jornalista israelense especializado na questão palestina. Por mais de 20 anos, Lior se preparou para esse papel...
Outro aspecto da série que é muito interessante é a presença no elenco da série de atores árabes.
Hisham Sulliman (o Taufiq Hammed, o “Pantera”) é um ator árabe-israelense. Sulliman nasceu e cresceu na cidade árabe de Nazaré, em Israel. Quando criança, começou atuando em teatro comunitário. Em 1997, mudou-se para Tel Aviv para estudar no 'Yoram Levinstein Studio', onde se formou em 2000 e, entre outros filmes, participou de MUNICH de Steve Spielberg.
Laëtitia Eïdo, a Dr. Shirin El Abed de FAUDA, é uma atriz francesa com pai francês e uma mãe libanesa. Ela nasceu e cresceu no sul da França em Ardèche. A sua família é parte cristã, parte muçulmana. Mas também tem um pouco de sangue judeu. Alguns parentes libaneses de origem judaica imigraram para Israel nos anos 70. Quando a mãe de Eïdo, muçulmana, se casou com o pai dela que é cristão, recebeu severas críticas dos mulçumanos à sua volta. Eïdo prefere se manter alheia as divisões religiosas e étnicas. Ela tem extensa carreira no cinema e televisão, principalmente na Europa.
Luna Mansour, é a atriz que interpreta Marwa na segunda temporada. Ela nasceu na cidade de Acre no norte de Israel, mas hoje mora em Tel Aviv onde estudou literatura árabe e inglês na Universidade. Em 2011, ganhou o primeiro lugar em um concurso de beleza para as mulheres árabes em Israel. É uma das mais jovens do elenco e só fez parte de duas series de TV, FAUDA e DR GARAGE.
Ainda tem muita gente no elenco que é de origem árabe. O que evidencia uma integração entre talentos de ambos os lados da fronteira. O que me faz pensar que, não me lembro de nenhuma produção árabe em que judeus tenham sido escalados...
Para os viciados como eu, fica a boa noticia de que FAUDA vem aí com a terceira temporada. Mas com a certeza de que o seriado acabará muito antes que israelenses e palestinos encontrem a paz entre eles.
#FAUDA, #netflix, #Israel, #Palestine, “LiorRaz, “MiddleEast, #TVseries


























































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































The Israelis are exactly as I remember them in their direct blunt way of being. And the Palestinians, as I have always suspected, are a heterogeneous group with different political, religious and family positions. I have never doubted that 80% of the Arabs of Israel and the West Bank only want one thing: as the Jews they dream of being able to work, care for their families and raise their children. They aspire for peace and security too. Unfortunately, the effects of a dramatic historical process and its repercussions make it impossible.
I researched and discovered interesting things about the show. One of its creators and the star of the series, Lior Raz (Israeli agent Doron Kavillio), lived in Los Angeles, where he was the bodyguard of Arnold Schwartzeneger. He was born in Ma'ale Adumim but was raised in Jerusalem. Son of an Iraqi immigrant, Raz grew up speaking Arabic to his father and grandmother. He was an Israeli navy SEAL and acted in the "Shin Bet", a mix of Israeli secret service and the FBI. The Israelis, after serving 3 years in the armed forces provide a month of service in

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O FIM DE UM CLASSICO


O crítico americano Lawrence Clark Powell definiu uma criação como sendo “clássica” por se manter sempre “moderna e seu autor, embora morto há muito tempo, continuar falando a cada nova geração”.

Nesse sentido o VIDEO SHOW realmente era um programa de TV clássico. Apesar da ideia original ter se transformado ao longo dos anos – e talvez por isso mesmo ter perdido a eficácia em obter audiência – mas era um programa eternamente “novo” e seu criador, Ronaldo Curi continuou assim a falar às novas gerações.

Fiquei sabendo que no ultimo programa da série não mencionaram o Ronaldo Curi, seu criador. O que realmente foi uma injustiça. O VIDEO SHOW foi criação total dele. Um projeto que ele colocou no ar e cuidou, enquanto foi seu diretor, como mais um de seus filhos. Com carinho, dedicação total e muito zelo.

Eu conheci Ronaldo e o programa poucos meses depois de ter começado, em 1983. Eu estava saindo de um projeto com vida curta, o COMETA LOUCURA, que fora criado para substituir o GERACAO 80 que eu recebi das mãos do Paulo Coelho. O COMETA foi criado pelo Ayres Vinagre, eu e o Ronaldo Bôscoli. A proposta era boa – unir humor e música jovem -- mas entre a elucubração e a realização, morremos na praia.

Fui então designado para tomar parte no VIDEO SHOW que começava a decolar. Pouco depois de entrar, vieram também o Rixa Xavier, o Mauro Wilson e o Paulo de Andrade. Tudo sangue novo e pronto pra dar um reforço no time de redatores do VIDEO SHOW, que na época contava com veteranos como o Papinha, o nosso querido Hilton Gomes.

O VIDEO SHOW surgira na cabeça do Ronaldo, um homem de TV que já havia feito de tudo na televisão e entendia tanto da parte artística, quanto da parte técnica de se fazer TV. Para se ter uma ideia, quem criou a abertura do programa, seja a edição de imagens, seja a escolha da música – um trecho instrumental do sucesso de Michael Jackson “Don’t Stop ‘Til you Get Enough” (1979) e que até hoje era usada na abertura do programa – tudo isso saiu da cabeça do Ronaldo. Além de entender muito de TV, ele era um músico apaixonado por Rock’n Roll.

Homem de poucas palavras, mas muito sensível, Ronaldo notou que seus jovens agregados tinham boa cabeça e talento. E resolveu investir na gente. Nos mandou para o prédio 266 da Jardim Botânico, onde a Globo tinha uma área de treinamento e nos fez aprender a editar com maquinas U-Matic (3 ¾), Equipamento de edição profissional, que na época era usado pelo jornalismo.

Os 4 cavaleiros do apocalipse – eu, Rixa, Mauro e Paulo – tínhamos que semanalmente produzir 4 matérias editadas de 2 minutos, para serem usadas no programa no fim de semana. Cada roteirista tinha uma estante onde colocava as fitas em que estava trabalhando. A pesquisa de imagens e pauta corriam por nossa conta. Cada um de nós tinha que bolar algo, pesquisar e apresentar na reunião.  Éramos o único programa da linha de show que abusava do pessoal da pesquisa da Globo. Tanto do pessoal do CEDOC de imagens (Vera e Petit), como as moças da pesquisa de texto (Laura, Silvia e demais pesquisadoras). E, todos os dias, de 1 as 4, entravamos com nossas fitas nas ilhas de edição U-Matic do jornalismo, na Vênus Platinada, para editar nossas matérias sozinhos. Era uma farra. Anos a frente, os 4 fazíamos algo que só seria possível, anos depois, com o advento dos computadores pessoais, os celulares de hoje e demais programas de edição. Foi um dos momentos mais bacanas da minha vida profissional. Uma grande escola. E, o resultado é que a audiência do VIDEO SHOW só fez crescer e criar um público cativo.

Naquele tempo o VIDEO SHOW não fazia reportagens somente sobre a produção da própria emissora. Na verdade, seguindo orientação da direção geral, não podíamos mostrar muito os bastidores da Globo, porque achavam que a gente estaria “destruindo a mágica” na mente do público... Com isso tínhamos que buscar conteúdo em outras fontes, abrangendo todo o mundo audiovisual restante.

Isso tudo aconteceu muito antes do Google e do Youtube. A gente escrevia o programa em maquinas de escrever não elétricas... A MTV começava a se estabelecer com seus Music Vídeos e a gente mostrava tudo que havia de interessante ligado ao mundo das imagens.

Eu e Paulo Andrade traduzíamos os musicais da MTV do inglês para o português, para que o público pudesse entender a letra das músicas. E o Rixa já garimpava imagens de novelas e seriados para editar sessões infindas de beijos, tapas e outras curiosidades.

Nesse clima, eu aproveitei para me dedicar aos assuntos que me encantavam, como o cinema. Criei entrevistas impossíveis com astros do cinema como Burt Reynolds e Roger Moore, respondendo perguntas insolentes feitas pela Carla Camurati e dubladas pelos dubladores oficiais da Globo, desses artistas.

Também comecei uma serie sobre a história do cinema, usando o arquivo de imagens da própria Globo e que fez sucesso ao ponto de receber um memorando elogiativo do Boni, coisa muito rara na época. Ele em geral só escrevia memorandos pra esculachar.

O que mais me orgulho desse tempo, foram as matérias que criei e que resgataram um pouco a memória nacional. Como as máximas do Barão de Itararé, ilustradas com imagens de arquivo do próprio Aparício Torelli; o primeiro punk do mundo – Augusto dos Anjos – com atores, cenário e musica para mostrar como a poesia dele já era atual no início do século XX; uma entrevista impossível com Nelson Rodrigues, com Lucélia Santos fazendo as perguntas e Nelson respondendo através de trechos pinçados de suas antigas entrevistas, que tínhamos no CEDOC. E, a mais legal - reunir o Falcão Negro (TV Tupi) do Rio, Gilberto Martinho e o de São Paulo, José Parisi, com suas fantasias, pela primeira vez apresentadas em cores na TV desde os anos 50 e 60. 

Ronaldo nos deixou voar alto e criar, mesmo dentro de um simples programa de variedades. Além de música, ele era ligado no que se fazia de melhor e mais inovador no exterior em matéria de humor. Eu já conhecia o Monty Python de uma época que havia vivido na Inglaterra, mas foi ele quem me apresentou ao sensacional falso-documentário “The Rutles”, criado por Eric Idle do Monty Python, nos anos 70. Uma paródia dos Beatles que acabou lançando até disco de sucesso na Grã-Bretanha.

Foi também o Ronaldo quem me apresentou ao “Saturday Night Live” e seus esquetes. O TV PIRATA só surgiu em 1988, mas em 1983 e 1984, A gente já fazia no VIDEO SHOW esquetes do tipo dos do SNL.

Escrevo tudo isso porque agora que o programa acaba e pouco se falou no Ronaldo, achei importante resgatar essas memorias. E também escrevi para dizer que talvez se tivessem olhado o que o programa fazia no seu gênesis, com sua riqueza de conteúdo e criatividade, poderiam ter encontrado um caminho para salva-lo e recuperar a sua audiência.

Sei também que o Rixa, o ultimo dos mosqueteiros (nosso D’Artagnan), ao longo dos anos, tentou imprimir um pouco dessa criatividade e inovação no programa. Sempre que o ouviram, a coisa deu certo. Sempre que não seguiram suas sugestões, a canoa virou...

Nos últimos tempos o VIDEO SHOW mudou de apresentadores numa ciranda sem fim. Mas a apresentação do programa nunca foi seu ponto forte.

Quando o programa começou ele tinha apenas uma apresentadora. Como não havia verba para teleprompter e eles demoravam pra gravar pelas dificuldades de decorar as falas das cabeças. Ronaldo então resolveu o problema convocando para a presentar o programa, vários atores da casa que estavam contratados, mas fora das novelas. O rodízio de apresentadores resolveu o problema e deu ao programa um ar de “bastidores da TV” com caras diferentes e conhecidas na sua apresentação. Era tão barata a produção que o set do programa era uma ilha de edição da emissora usada quando não estava editando nada... Pouco dinheiro, mas muita criatividade e imaginação, esse era o segredo do sucesso do VIDEO SHOW.
#videoshow #TVGlobo #memoriatv #bastidorestv #televisao #braziliantv

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

GUERRILHEIRO BRASILEIRO TOMA HOLLYWOOD DE ASSALTO

Veja a entrevista de Isa Albuquerque, diretora e produtora do documentário CODINOME CLEMENTE falando diretamente de Los Angeles sobre sua participação no LABRFF - Los Angeles Brazilian Film Festival. O filme ainda esta inédito no Brasil.


https://youtu.be/Ct_tb4z2m3M

Longa-Metragem Documentário que retrata os anos de ditadura brasileira através dos depoimentos do último comandante da Ação Libertadora Nacional, Carlos Eugênio Paz, e de seus companheiros de guerrilha. Ele, que era conhecido naqueles tempos como o Clemente, conta tudo o que viveu, e o que ficou para as novas gerações. Breve nos cinemas.

https://www.youtube.com/watch?v=QJROy0LUvL0

domingo, 6 de janeiro de 2019

SHTISEL -Yiddish Food for Thought


SHTISEL 1 by Wladimir Weltman

I don't know who said that writing faithfully about our own microcosm allows us to touch the heart of the whole world. I think this is true because we are all essentially equal as human beings...

I have almost finished seeing the Israeli TV series SHTISEL, which tells the saga of this family of Haredim, ultra-Orthodox Jews living in the old neighborhoods of Mea Shearim and Geula in Jerusalem.

Shulem Shtisel is the family’s patriarch. According to the neighborhood matchmaker Shulem is an "inveterate smoker and glutton", but Shulem prefers to be seen as a "father and educator". He's all those things... Despite being a father who deeply loves his children, he believes that educating them is the most important thing to do in his life. It is a pity that his lessons are the fruit of a logic built upon ancient tradition and old customs. The heart, unfortunately, is always left aside, perhaps overwhelmed by cholesterol and smoke, which he consumes in quantities...

The other series’ protagonist is Akiva, the youngest son of Shulem. Sensitive, he still suffers from the loss of his mother and is divided between following the father's footsteps – marrying a girl chosen by the matchmaker and his father; becoming another teacher at the school where the father is also a teacher. Or follow his heart, marrying the woman he loves and becoming the painter he was born to be.

In the plot there are other exquisite characters, such as Giti, Akiva’s sister, a heroine of iron will; Tzi-Arie, the brother who wanted to be a singer but became a Talmud scholar; Malka, the clan’s grandmother who enjoys American soap operas on TV. A rich, human, interesting universe, where we gladly immerse ourselves watching the Israeli series.

I can't stop watching it and thinking about it.

The construction of the characters and their universe is delicate and endearing. And the essential plot, which encompasses all the characters reminds me of a visit I made to Israel in 1973.

Among other places I visited the city of Nablus (Shechen) in the West Bank, to meet a fossil group of people: the Samaritans. Yes, I mean exactly to the people of that New Testament character, the Good Samaritan, who helped a traveler in the Gospel.

The Samaritans could be Hebrews of the tribes of Ephraim and Menashe that were not taken in captivity to the exile in Babylon. When the other Jews returned from exile, there was a misunderstanding between the two groups. Their traditions had become differentiated and they went separate paths...

Centuries have passed, and the Samaritans remained faithful to their traditions living around Mount Grizin, alongside Nablus. Unfortunately, in those 2000 years they only married within the community. When we visited them in the 70s, they were dying -- the children began to be born with all sorts of terrible congenital diseases.

But what does this have to do with the SHTISEL TV series?

Among the many things the series has made me think about, was that this group of Orthodox Jews of the series have a lot in common with the Samaritans of Nablus. They live in these neighborhoods of Jerusalem, isolated, in a glass dome, with customs and practices frozen in a remote past. Although ancient, this way of life it is not necessarily biblical. It’s something that the Haredim brought from Europe. If Moses would descend from heaven to visit them today, he would not understand why they wear black long jackets and those funny furry hats, a fashion typical of eastern Europe of the nineteenth century. Moses would never have crossed the desert for 40 years wearing these clothes...

The fact is that today, in 2019, the Haredim still live like this. Mea Shearim, still is a Jewish ghetto inside the Jewish state. They do not serve the Israeli army, and many of them sincerely do not accept the creation of the State of Israel itself. For them Israel will only be possible with the coming of the Messiah.

Everything in their world revolves around the tradition and reading of Jewish law in its most archaic form. And despite the profound and affective family ties, they sacrifice everyone to avoid bursting this retrogressive bubble in which they live isolated from the world and that imprisons them in an ancestral past.

Criticizing them is easy, but how much we ourselves do not create our social isolation bubbles, in which we accommodate and protect ourselves from our deepest desires and dreams?

How much do we not imitate the Jews and the Samaritans in their millennial ruses, to divide us in extreme positions, through the Internet and other forums, pointing fingers and accusing each other, owners of a truth whose validity seems to have a divine seal?

“Hell is the other people,” the good old Jean Paul Sartre said.


SHTISEL 1 por Wladimir Weltman
Não sei quem foi que disse que escrever com fidelidade sobre nosso microcosmo nos possibilita tocar o coração do mundo inteiro. Somos todos nós, seres humanos, essencialmente iguais...
Estou quase acabando de ver a serie israelense SHTISEL, que conta a saga dessa família de Haredim, judeus ultra ortodoxos que vivem nos antigos bairros de Mea Shearim e Geula, em Jerusalém.
Shulem Shtisel é o patriarca da família. O casamenteiro do bairro o classifica como “fumante inveterado e comilão”, mas Shulem prefere ser visto como “pai e educador”. Ele é as quatro coisas... Apesar de ser um pai que ama profundamente os filhos, ele acredita que os educar é a coisa mais importante a fazer na vida. Pena que suas lições são fruto apenas de uma lógica edificada na tradição e nos costumes. O coração, infelizmente, é sempre deixado de lado, talvez sobrecarregado pelo colesterol e pelo fumo, que consome em quantidades...
O outro protagonista da série é Akiva, o filho mais novo de Shulem. Sensível, ele ainda sofre com a perda da mãe e está dividido entre seguir os passos do pai – casando-se com uma moça escolhida pelo casamenteiro e seu pai; tornando-se mais um professor da escolinha onde o pai também é professor. Ou seguir o seu coração, casando-se com mulher que ama e tornando-se o artista plástico que nasceu para ser.
Na história ainda temos personagens primorosos como Giti, a irmã de Akiva, uma heroína de vontade de ferro; Tzi-Arie, o filho que queria ser cantor e virou acadêmico do Talmud; Malka, a avó do clã que curte novelas americanas na TV. E por aí vai. Um universo rico, humano, interessantíssimo, no qual mergulhamos ao assistir a serie israelense.
Eu não consigo parar de ver e de pensar nela.
A construção dos personagens e de seu universo é primorosa. E a trama essencial, que envolve todos os personagens me faz lembrar de uma visita que fiz a Israel em 1973.
Entre outros lugares visitei a cidade de Nablus (Shechen) na Cisjordânia, para conhecer um povo fóssil: os Samaritanos. Sim, refiro-me exatamente ao povo daquele personagem do Novo Testamento, o bom Samaritano que ajudou o viajante do evangelho.
Os Samaritanos seriam hebreus das tribos de Efraim e Menashe e que não teriam sido levados para o exilio da Babilônia. Quando seus irmãos voltaram do exilio, os dois grupos se estranharam. Suas tradições haviam se diferenciado um pouco e eles seguiram caminhos diferentes...
Séculos se passaram e os Samaritanos mantiveram-se fiéis as suas tradições vivendo em torno do monte Grizin, ao lado de Nablus. Infelizmente nesses dois mil anos eles só se casaram entre si. Com isso, quando os visitamos nos anos 70, estavam morrendo -- as crianças começaram a nascer com todo tipo de doenças congênitas terríveis. Creio que nessa época foi que passaram a aceitar o casamento de seus filhos com mulheres de fora da comunidade, para evitar o fim inevitável. Testes de DNA mostram que eles são geneticamente mais próximos dos judeus, do que dos árabes palestinos seus vizinhos. Ainda assim os judeus os veem como sendo árabes e os árabes os veem como sendo judeus.
Mas o que isso tem a ver com o seriado SHTISEL?
Entre as muitas coisas que a serie me fez pensar, é que é incrível que esse grupo de judeus ortodoxos apresentados no seriado são como os Samaritanos de Nablus. Eles vivem nesses bairros de Jerusalém, isolados, numa redoma de vidro, com costumes e práticas congeladas num passado remoto. Apesar de antigos, esse modo de vida não chega a ser bíblico. É algo que os Haredim trouxeram da Europa. Caso “Moshé Rabeino” (o Moises da Bíblia) descesse do céu para visita-los, não entenderia o porquê dos negros casacões longos e seus chapéus peludos, todos típicos da Europa oriental do século XIX. Moises jamais teria cruzado o deserto por 40 anos com essas roupas...
O fato é que hoje, em 2019, eles ainda vivem assim. Mea Shearim, ainda é um gueto judeu dentro do Estado Judeu. Eles não servem o exército israelense e, muitos deles, sinceramente, não aceitam a criação do próprio Estado. Para eles Israel só será possível com a vinda do Messias.
Tudo no seu mundo gira em torno da tradição e da leitura da lei judaica na sua forma mais arcaica. E, apesar dos profundos e afetivos laços familiares, eles sacrificam a todos evitando estourar essa bolha retrograda em que vivem isolados do mundo e que os aprisiona num passado ancestral.
Critica-los é fácil, mas o quanto nós mesmos não criamos nossas bolhas de isolamento social, em que nos acomodamos e nos protegemos de nossos desejos e sonhos mais profundos?
O quanto não imitamos os judeus e samaritanos em suas rusgas milenares, aos nos dividirmos em posições extremadas, através da internet e demais fóruns, apontando dedos e acusando-nos mutuamente, donos de uma verdade cuja validade parece ter uma chancela divina?
“O inferno são os outros”, já dizia o velho e bom Jean Paul Sartre.