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In a career spanning over 30 years of experience in journalism, TV production, film and TV scripts, Wladimir Weltman has worked for some of the most important companies in the industry in the USA and Brazil. Numa carreira que se estende por mais de 30 anos de experiência em jornalismo, produção de tevê, roteiros de cinema e TV, e presença frente às câmeras Wladimir Weltman trabalhou em algumas das mais importantes empresas do ramo nos EUA e no Brasil.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

70 ANOS DA TV #4 - UM CARA QUE VALIA OURO

 


Restava nesta série de textos, em que homenageei meus mentores da TV, falar daquele que além de me inspirar a trabalhar nesse veiculo maravilhoso, foi e continua sendo minha bussola, meu guia, meu professor e meu amigo. Estou falando de meu pai, Moysés Weltman. Ser filho de um homem de sucesso e fama, como ele era, não é fácil pra ninguém. Ao longo da vida esbarrei em outros filhos de pais brilhantes e sei da luta que eles tiveram que travar para se firmar sobre seus próprios pés.

Para mim houve momentos difíceis, mas não por culpa dele. Como qualquer pessoa, tive que descobrir quem eu era, e qual era a minha voz como artista e profissional, atuando no mesmo meio em que ele trabalhava e brilhava. Acho que na medida de minha capacidade, consegui fazer isso. E o fiz em tempo de poder usufruir da companhia de meu pai como a de uma bom amigo.

Apesar de viver para o trabalho, seu Moysés não era um pai ausente. Apesar de ser famoso e importante a vista de muita gente, era uma pessoa simples e extremamente acessível. Papai era um ser humano muito doce e compartia com qualquer um a sua sabedoria, conhecimento e inteligência. Ao longo de minha vida pude desfrutar desse tesouro que Deus me deu.

Quanto ao seu amor pela televisão (algo que obviamente me contagiou), está registrado nos pontos altos de sua carreira.

Vejamos: na década de 50 papai foi um dos primeiros roteiristas que colaborou ativamente com a produção televisiva da TV Tupi recém inaugurada. Escreveu peças infantis para o TEATRINHO TROL de Fabio Sabag, adaptou peças importantes para O GRANDE TEATRO TUPI e foi o autor do primeiro seriado médico da TV brasileira – O JOVEM DR. RICARDO – com Cyl Farney e Teresa Rachel nos papeis principais.

No fim dos anos 50, ele já estava envolvido no projeto da TV Globo. Em 1959 foi aos EUA pesquisar os métodos de produção americanos. Na volta montou uma das primeiras produtoras de TV independentes do Brasil. Com o suporte financeiro de clientes de sua agencia de publicidade, a MW Propaganda, produziu o seriado infanto-juvenil OS TRÊS MOSQUETEIROS, gravado em vídeo-tape (novidade na época) na TV Continental, Canal 9 do Rio; atores como Sadi Cabral, José Miziára, Maurício do Valle e Francisco Cuoco no elenco. Foi lá também que ele produziu uma das primeiras Sitcom da TV, O MARIDO DA ESTRELA, com Theresa Amayo, Antonio Patinho e Claudio Correa e Castro; papai e seu amigo Mario Lago escreviam os roteiros.

Em 1965 fez parte do grupo fundador da TV Globo e foi seu primeiro novelista com novelas como ROSINHA DO SOBRADO, PADRE TIÃO e O REI DOS CIGANOS.

No anos 70 ele criou a mais importante revista semanal sobre televisão, a AMIGA. Sucesso editorial que se tornou mania nacional. Um publicação que chegou a ter mais de 100 mil copias de tiragem e que era amada igualmente pelo público, assim como pela classe artística.

No fim da década de 70 ele deixou a AMIGA e se envolveu no lançamento da TVS, que resultou na rede SBT. O próprio Silvio Santos, mais de uma vez, afirmou publicamente que a ideia de ter a sua própria televisão partiu de uma sugestão de papai. E foi em parte, graças a seus esforços, que em pouco tempo a rede de TV do Silvio alcançou o segundo lugar de audiência junto ao público nacional.

Moysés só deixou o SBT para embarcar noutro sonho televisivo chamado TV Manchete. Em 1983, quando a emissora tinha data marcada para entrar no ar, mas não conseguia se organizar pra enfrentar o desafio, papai abandonou a segurança do SBT e assumiu o desafio da televisão de Adolfo Bloch. Foi Moysés quem conseguiu colocar a TV Manchete no ar, com seu jornal de duas horas de duração e demais atrações. E, sob seu comando, a TV Manchete realizou a cobertura do Carnaval de 1984, deixando a Globo (que abrira mão do evento), pela primeira vez, preocupada com a concorrência.

Enquanto ele esteve no comando da recém criada emissora, está obteve sucessos marcantes na luta pela audiência. Infelizmente no final de 1985, um segundo e fatal infarte fez com que seu Moysés saísse de cena para sempre. Mas ele deixou sua marca nas três das mais importantes redes de televisão do Brasil.

Papai realizou muito mais do que isso na sua curta e prolifica carreira. Aqui apenas comentei de forma superficial o que fez de mais importante na TV brasileira. E, a maior riqueza que deixou, foi nos corações e mentes dos profissionais com quem trabalhou ao longo desses anos.

Nunca me esquecerei do dia em que no set do programa ZORRA TOTAL, onde eu era um dos roteiristas, o Chico Anysio me acenou para que me aproximasse. Seu filho Nizo Neto, meu colega de redação, me identificou como sendo filho do Moysés. Senti que o Chico estava genuinamente feliz de me conhecer e se lembrar de meu pai. Foi muito gratificante ouvir o Chico falando com saudade e apreço do meu velho. O que poderia ser uma acontecimento isolado, na verdade tem sido algo recorrente. Ainda hoje, quando encontro alguém do meio que descobre que sou filho de Moysés Weltman, a reação é sempre muito emocionante. Todos os que o conheceram, tem por ele o maior carinho e admiração. Num meio em que as vezes existem ciumeiras, brigas e maledicência, esse tipo de reação é extremamente valiosa. Diz tudo sobre a pessoa e o profissional que ele foi. Esse é o ouro que herdei do meu pai.

#MoysesWeltman #TVGlobo #SBT #TVManchete #RevistaAMIGA #Televisao #TVTupi

70 ANOS DE TV #3 – UM HERÓI POUCO MENCIONADO DA TV GLOBO


Já falei do Sherman, já falei do Vannucci, não poderia deixar de falar de Ronaldo Curi. Ele foi o criador e diretor do VIDEO SHOW de 1983 a 1987. Foi quem idealizou o programa, agregou a equipe e fez dele um clássico da TV. Um sucesso que durou até 2019, quando o programa foi tirado do ar, emocionado e triste, escrevi a respeito contando minha participação na empreitada. Talvez tenha deixado de falar mais sobre o carinho, admiração e afeto que tinha pelo Ronaldo. Além de meu diretor ele foi meu amigo, que me recebeu em sua casa junto com sua família, a mim e a minha esposa. Sua morte prematura foi muito dolorosa pra mim. Ele era jovem e ainda faria muita coisa boa na TV e nesse mundo. Mas, como dizem, os bons vão antes. Nessa hora em que homenageio a TV e as pessoas que me ensinaram a trabalhar nela, precisava homenageá-lo. E, relendo o que escrevi em janeiro de 2019, quando o VIDEO SHOW saiu do ar, achei que tudo que devia ser dito estava lá. Por isso recoloco aqui, para quem não leu, e para quem já leu poder relembrar esse grande sujeito e artista que foi Ronaldo Curi. Um nome que devia ser sempre lembrado quando se fala de TV no Brasil.

O FIM DE UM CLASSICO

O crítico americano Lawrence Clark Powell definiu uma criação como sendo “clássica” por se manter sempre “moderna e seu autor, embora morto há muito tempo, continuar falando a cada nova geração”.

Nesse sentido o VIDEO SHOW realmente era um programa de TV clássico. Apesar da ideia original ter se transformado ao longo dos anos – e talvez por isso mesmo ter perdido a eficácia em obter audiência – mas era um programa eternamente “novo” e seu criador, Ronaldo Curi continuou assim a falar às novas gerações.

Fiquei sabendo que no último programa da série não mencionaram o Ronaldo Curi, seu criador. O que realmente foi uma injustiça. O VIDEO SHOW foi criação total dele. Um projeto que ele colocou no ar e cuidou, enquanto foi seu diretor, como mais um de seus filhos. Com carinho, dedicação total e muito zelo.

Eu conheci Ronaldo e o programa poucos meses depois de ter começado, em 1983. Eu estava saindo de um projeto com vida curta, o COMETA LOUCURA, que fora criado para substituir o GERACAO 80 que eu recebi das mãos do Paulo Coelho. O COMETA foi criado pelo Ayres Vinagre, eu e o Ronaldo Bôscoli. A proposta era boa – unir humor e música jovem -- mas entre a elucubração e a realização, morremos na praia.

Fui então designado para tomar parte no VIDEO SHOW que começava a decolar. Pouco depois de entrar, vieram também o Rixa Xavier, o Mauro Wilson e o Paulo de Andrade. Tudo sangue novo e pronto pra dar um reforço no time de redatores do VIDEO SHOW, que na época contava com veteranos como o Papinha, o nosso querido Hilton Gomes.

O VIDEO SHOW surgira na cabeça do Ronaldo, um homem de TV que já havia feito de tudo na televisão e entendia tanto da parte artística, quanto da parte técnica de se fazer TV. Para se ter uma ideia, quem criou a abertura do programa, seja a edição de imagens, seja a escolha da música – um trecho instrumental do sucesso de Michael Jackson “Don’t Stop ‘Til you Get Enough” (1979) e que até hoje era usada na abertura do programa – tudo isso saiu da cabeça do Ronaldo. Além de entender muito de TV, ele era um músico apaixonado por Rock’n Roll.

Homem de poucas palavras, mas muito sensível, Ronaldo notou que seus jovens agregados tinham boa cabeça e talento. E resolveu investir na gente. Nos mandou para o prédio 266 da Jardim Botânico, onde a Globo tinha uma área de treinamento e nos fez aprender a editar com maquinas U-Matic (3 ¾), Equipamento de edição profissional, que na época era usado pelo jornalismo.

Os 4 cavaleiros do apocalipse – eu, Rixa, Mauro e Paulo – tínhamos que semanalmente produzir 4 matérias editadas de 2 minutos, para serem usadas no programa no fim de semana. Cada roteirista tinha uma estante onde colocava as fitas em que estava trabalhando. A pesquisa de imagens e pauta corriam por nossa conta. Cada um de nós tinha que bolar algo, pesquisar e apresentar na reunião.

Éramos o único programa da linha de show que abusava do pessoal da pesquisa da Globo. Tanto do pessoal do CEDOC de imagens (Vera e Petit), como as moças da pesquisa de texto (Laura, Silvia e demais pesquisadoras). E, todos os dias, de 1 as 4, entravamos com nossas fitas nas ilhas de edição U-Matic do jornalismo, na Vênus Platinada, para editar nossas matérias sozinhos. Era uma farra. Anos à frente, os 4 fazíamos algo que só seria possível, anos depois, com o advento dos computadores pessoais, os celulares de hoje e demais programas de edição. Foi um dos momentos mais bacanas da minha vida profissional. Uma grande escola. E, o resultado é que a audiência do VIDEO SHOW só fez crescer e criar um público cativo.

Naquele tempo o VIDEO SHOW não fazia reportagens somente sobre a produção da própria emissora. Na verdade, seguindo orientação da direção geral, não podíamos mostrar muito os bastidores da Globo, porque achavam que a gente estaria “destruindo a mágica” na mente do público... Com isso tínhamos que buscar conteúdo em outras fontes, abrangendo todo o mundo audiovisual restante.

Isso tudo aconteceu muito antes do Google e do Youtube. A gente escrevia o programa em maquinas de escrever não elétricas... A MTV começava a se estabelecer com seus Music Vídeos e a gente mostrava tudo que havia de interessante ligado ao mundo das imagens.

Eu e Paulo Andrade traduzíamos os musicais da MTV do inglês para o português, para que o público pudesse entender a letra das músicas. E o Rixa já garimpava imagens de novelas e seriados para editar sessões infindas de beijos, tapas e outras curiosidades.

Nesse clima, eu aproveitei para me dedicar aos assuntos que me encantavam, como o cinema. Criei entrevistas impossíveis com astros do cinema como Burt Reynolds e Roger Moore, respondendo perguntas insolentes feitas pela Carla Camurati e dubladas pelos dubladores oficiais da Globo, desses artistas.

Também comecei uma serie sobre a história do cinema, usando o arquivo de imagens da própria Globo e que fez sucesso ao ponto de receber um memorando elogiativo do Boni, coisa muito rara na época. Ele em geral só escrevia memorandos pra esculachar.

O que mais me orgulho desse tempo, foram as matérias que criei e que resgataram um pouco a memória nacional. Como as máximas do Barão de Itararé, ilustradas com imagens de arquivo do próprio Aparício Torelli; o primeiro punk do mundo – Augusto dos Anjos – com atores, cenário e música para mostrar como a poesia dele já era atual no início do século XX; uma entrevista impossível com Nelson Rodrigues, com Lucélia Santos fazendo as perguntas e Nelson respondendo através de trechos pinçados de suas antigas entrevistas, que tínhamos no CEDOC. E, a mais legal - reunir o Falcão Negro (TV Tupi) do Rio, Gilberto Martinho e o de São Paulo, José Parisi, com suas fantasias, pela primeira vez apresentadas em cores na TV desde os anos 50 e 60.

Ronaldo nos deixou voar alto e criar, mesmo dentro de um simples programa de variedades. Além de música, ele era ligado no que se fazia de melhor e mais inovador no exterior em matéria de humor. Eu já conhecia o Monty Python de uma época que havia vivido na Inglaterra, mas foi ele quem me apresentou ao sensacional falso-documentário “The Rutles”, criado por Eric Idle do Monty Python, nos anos 70. Uma paródia dos Beatles que acabou lançando até disco de sucesso na Grã-Bretanha.

Foi também o Ronaldo quem me apresentou ao “Saturday Night Live” e seus esquetes. O TV PIRATA só surgiu em 1988, mas em 1983 e 1984, A gente já fazia no VIDEO SHOW esquetes do tipo dos do SNL.

Escrevo tudo isso porque agora que o programa acaba e pouco se falou no Ronaldo, achei importante resgatar essas memorias. E também escrevi para dizer que talvez se tivessem olhado o que o programa fazia no seu gênesis, com sua riqueza de conteúdo e criatividade, poderiam ter encontrado um caminho para salvá-lo e recuperar a sua audiência.

Sei também que o Rixa, o último dos mosqueteiros (nosso D’Artagnan), ao longo dos anos, tentou imprimir um pouco dessa criatividade e inovação no programa. Sempre que o ouviram, a coisa deu certo. Sempre que não seguiram suas sugestões, a canoa virou...

Nos últimos tempos o VIDEO SHOW mudou de apresentadores numa ciranda sem fim. Mas a apresentação do programa nunca foi seu ponto forte.

Quando o programa começou ele tinha apenas uma apresentadora. Como não havia verba para teleprompter e eles demoravam pra gravar pelas dificuldades de decorar as falas das cabeças, Ronaldo resolveu o problema convocando para a presentar o programa, vários atores da casa que estavam contratados, mas fora das novelas. O rodízio de apresentadores deu ao programa um ar de “bastidores da TV” com caras diferentes e conhecidas na sua apresentação. Era tão barata a produção que o set do programa era uma ilha de edição da emissora usada quando não estava editando nada... Pouco dinheiro, mas muita criatividade e imaginação, esse era o segredo do sucesso do VIDEO SHOW.

#videoshow #TVGlobo #Televisao #RonaldoCuri

70 ANOS DE TV #2 - UM GENIO COM NOME DE IMPERADOR ROMANO

Estou aproveitando a pandemia para escrever minhas memórias pra deixar pro meu filho. Nela inclui este trecho sobre outro gigante da TV Globo com quem tive o privilégio de trabalhar, assim que comecei na emissora em 1981. Seu nome era Augusto Cesar Vannucci, alguém com quem aprendi muito também e por quem sempre tive muito carinho e uma imensa dívida de gratidão. Aqui está um trecho do livro em que falo dele...

UM GENIO COM NOME DE IMPERADOR ROMANO

Meu primeiro professor de televisão foi Augusto César Vannucci (1934 - 1992). Um dos pais do padrão Globo de qualidade na linha de shows. Vannucci foi ator de cinema, diretor e produtor de televisão. Entrou na Globo meses após a inauguração da emissora, em 1965. E nos anos 70 e 80 foi o diretor e produtor responsável pela maioria de shows de música, humor e variedade da tevê. Programas como Globo de Ouro, Geração 80, Alô Brasil, Aquele Abraço, Chico City, Faça Humor, Não Faça a Guerra, Aplauso e Os Trapalhões. Muitos de seus especiais, como os infantis e musicais, foram premiados no Brasil e no exterior. Entre eles o Balão Mágico, um sucesso com o público infantil. Vannucci era espírita e fez a passagem aos 58 anos de idade, no Rio de Janeiro, vítima de uma isquemia cerebral, em 30 de novembro de 1992.

O seu quartel-general ficava na primeira casinha do Rua Saturnino de Brito, ao lado do Teatro Fênix. Aterrizei lá completamente despreparado. Mas no dia a dia, ao seu lado, junto com o maravilhoso time de profissionais que tinha a sua volta, e observando seu processo criativo, no palco do Teatro Fênix, enquanto ele dirigia com maestria os seus shows, comecei a entender e aprender como se escreve para televisão.

Não quer dizer que esse processo fosse tranquilo e sem sobressaltos. Como um imperador romano, Augusto Cesar tinha momentos de ira igualzinho um Nero ou um Calígula. Para em seguida amainar e nos tratar com a generosidade de um São Francisco de Assis. Apesar da bipolaridade, era muito divertido trabalhar ali, ao seu lado. Vannucci era amigo fiel dos amigos. E valorizava o trabalho profissional e o talento alheio sem inveja ou menosprezo, muito pelo contrário. Nele não havia mesquinhez.

Lembro de uma manhã em que reunidos em sua sala, ele falava a equipe – que incluía o maestro Guio de Moraes, o cenógrafo Frederico Padilha, o coreógrafo Juan Carlos Berardi e roteiristas como Robertinho Silveira, Luís Fernando Verissimo, Expedito Faggione, Stil, Geraldo Alves, Marcos Vasconcellos, Ronaldo Bôscoli, Eloy Santos e Paulo Coelho. Liamos um novo roteiro que em breve seria gravado e ao final da leitura, Vannucci explodiu enraivecido. Aos gritos, vociferou: “Nem no teatrinho furreca de Uberaba, eles apresentariam uma porcaria dessas!”

E seguiu espicaçando o roteiro, incluindo algumas injúrias ferinas e ancestrais.



Só que este era um dia especial: o do seu aniversário. Depois do almoço, a equipe voltou a sala para continuar a reunião e, quando todos já estavam sentados, Naligia Santos, a coordenadora de produção, entrou carregando imenso bolo com velhinhas acesas e todo mundo entoou o “parabéns pra você”. Vannucci ficou visivelmente emocionado, quase chegando às lágrimas. Mas ao apagar as velinhas. Começamos a ouvir uma gravação vindo da sala do sonoplasta português, que ficava bem embaixo da sua. O som que entrava pela janela era de um esporro de 10 anos atrás, só que o discurso era igualzinho do de manhã. As palavras e o furor eram os mesmos. Todo mundo caiu na gargalhada, inclusive ele. Assim era o Vannucci, um vulcão a beira da erupção, mas a fumaça e os ruídos eram apenas cenográficos.

domingo, 20 de setembro de 2020

70 ANOS DE TV - #1 - o Cecil B. De Mille da Televisão Brasileira

Pensando nessa data e lembrando os meus 39 anos de televisão, vejo que tive o privilégio de conviver com alguns dos pioneiros da TV brasileira, que muito me influenciaram profissionalmente. Hoje falo do meu querido Mauricio Sherman, que melhor do que ninguém, esteve desde o começo ligado a essa mídia tão querida.

Ele faleceu ano passado, no dia 17 de outubro. Tivesse esperado um pouquinho mais e poderia ter participado dessa data, contando sua vivência, importante para a TV no Brasil. Em 2011 o entrevistei para uma reportagem da Revista CONTIGO e aqui incluo trechos dessa conversa com ele, no seu confortável apartamento de Ipanema, de frente para o mar:

Resumir a vida, as histórias e as glórias de Maurício Sherman em poucas linhas é como espremer “Guerra e Paz” de Tolstói num folheto de cordel. Simplesmente não dá. Ele fez de tudo e bem feito. Em 68 anos de carreira Sherman atuou em todas as áreas do “show business” brasileiro. E fez isso inovando, chamando atenção, gerando polêmica, admiração e respeito. Os profissionais do ramo referiam-se a ele como “mestre”. E a lista de gente com quem Sherman trabalhou parece a seleção das celebridades do século XX e XXI. A lista é pra humilhar! Vai de Carmem Miranda e Lisa Minelli; de Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Bibi Ferreira e Cidinha Campos à Angélica e Xuxa; de Watson Macedo, Carlos Manga e Glauber Rocha à Walt Disney; de Getúlio Vargas à Lula, passando por Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek; de Dercy Gonçalves, Grande Otelo e Oscarito à Procópio Ferreira, Paulo Autran e Sérgio Brito; de Flávio Cavalcanti, Jota Silvestre e Hebe Camargo à Chacrinha e Faustão -- os grandes nomes do Brasil e do mundo o conhecem, trabalharam com ele. Num país dividido entre flamenguistas, corintianos e cruzeirenses, Sherman é unanimidade. O cara sabia das coisas. Mas na hora de melhor definir esse gênio ruivo de Niterói, buscamos ajuda de outro mestre, o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, que chamou Maurício Sherman de “o Cecil B. De Mille da Televisão Brasileira”.

Como sempre, Nelson Rodrigues estava certo. Apesar do amor fiel ao palco (mais de 40 produções como ator e/ou diretor), ao cinema (5 filmes como ator e outros tantos como dublador, inclusive de CINDERELA e 101 DALMATAS de Walt Disney) e até ao rádio (ele trabalhou em mais de 10 emissoras), o próprio Sherman admitia que sua grande paixão é e sempre foi a tevê: “Mesmo quando logo no início”, ele conta “o pessoal do teatro e do rádio esnobava a televisão, eu já queria muito trabalhar nela. Eu sempre gostei de TV”.

Em 1951, atraído pela nova mídia e antevendo o seu potencial, Sherman resolveu que tinha que fazer parte da coisa. Batalhou por um lugar ‘ao sol’ sob os holofotes da TV Tupi como figurante e assim tornou-se testemunha de gafes antológicas: “Eu fazia qualquer coisa para entrar na tevê. Topei trabalhar como figuração num teleteatro sobre a paixão de Cristo. Eles pegaram o único judeu presente e vestiram de soldado romano; me colocaram ajoelhado na frente do Jesus crucificado. A tevê era ao vivo. Não dava pra parar e regravar. O que acontecia em cena ia pro ar, do jeito que fosse. O estúdio era pequeno e fazia calor. Foi aí que apareceu uma mosca “herética” e posou bem na testa do Cristo. Sem cerimônia ela resolveu andar pela sua cara. O ator a acompanhava preocupado. Os olhos dele se reviravam seguindo a mosca. Dava pra sentir o seu desespero. Mas quando a mosca resolveu entrar na narina, o Cristo não aguentou e tacou um tapa certeiro na própria cara. Até hoje os teólogos tentam explicar como o braço do Jesus, que deveria estar pregado na cruz, fez aquilo. Essa gafe se tornou histórica”.

Nessa época o Teatro de Equipe, do qual ele fazia parte, foi para São Paulo apresentar a peça “Massacre”. A peça foi um sucesso e a TV Tupi de São Paulo, que apresentava uma peça ao vivo toda semana, resolveu convidá-los. A peça fez sucesso na TV também. Pedidos de reprise não paravam de chegar. Como era ao vivo, tiveram que reencená-la de novo. Foi aí que ele ficou amigo de todo mundo da TV Tupi paulista e Cassiano Gabus Mendes, que era o diretor da emissora, convidou-o para trabalhar na Tupi, integrando a equipe do “O Sítio do Pica-pau Amarelo” de Monteiro Lobato, produzido por Julio Gouveia e Tatiana Belinki. Os primeiros adaptar a obra para a televisão.

Na TV Tupi do Rio, Sherman virou assistente do diretor de um teatro policial. Só que o cara ficava mais tempo no bar do que no set de TV e Sherman tornou-se o diretor efetivo do programa. Foi quando o diretor da emissora resolve mandá-lo dirigir o programa da estrela da casa: “Era o programa da Heloisa Helena, a Suzana Vieira da época. Uma diva. Quando entrei no estúdio pra ensaiar ela se virou pra mim, na frente de toda a equipe e disse: ‘Eu não trabalho com neófitos’. Heloisa saiu batendo porta -- ‘vou falar com o Cassiano agora mesmo’! e foi-se. Daqui a pouco voltou de crista baixa. A dirigi e ela gostou e a partir desse dia tornou-se minha amiga. Nunca mais fez mais nada sem me consultar. Foi assim que eu finalmente me tornei um diretor de TV com todas as insígnias e honras”.

De lá pra cá Maurício Sherman trabalhou na maioria das televisões brasileiras – TV Tupi, TV Excelsior, TV Globo, TV Bandeirantes, TVE e TV Manchete. Muita gente famosa foi parar na televisão através de suas mãos: “Daniel Filho, Paulo Francis, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Agildo Ribeiro, Herval Rossano, Isaac Karabichevsky, Pelé, Cidinha Campos, Max Nunes, Jorge Amado, Carlos Lacerda, Alcione, Clodovil, Xuxa e Angélica”, ele inúmera de memória. “Claro que eu não lancei todos esses, mas muitos apareceram na TV pela primeira vez através de meus programas”.

Sobre a televisão em que mais gostou de trabalhar, ele respondeu que: “Fiquei mais tempo na Globo. A Tupi representou um momento importante na minha formação. Foi minha escola. Já a TV Excelsior representou um grande momento da televisão brasileira, quando havia um marasmo geral nas outras emissoras. A qualidade havia caído muito. A Excelsior recuperou o brilho da tevê. Foi a primeira emissora a dar um salto gigantesco na profissionalização e na valorização das equipes de tevê. E a Globo, nem precisa dizer, é a mais importante. Solidificou o conceito profissional da televisão brasileira moderna, baseada na qualidade. Sei que toda vez que foi cravado um marco importante no desenvolvimento da tevê brasileira, por coincidência ou não, eu estava presente”.

Ao longo desses 68 anos Sherman dirigiu alguns dos programas mais importantes da TV brasileira: Noite de Gala, Espetáculo Tonelux, Festivais Universitários, Festival do Carnaval, Programa Flávio Cavalcanti, O Céu é o Limite com J. Silvestre, Programa Hebe Camargo, Cidinha Livre, a novela Jerônimo, o Herói do Sertão, Fantástico, Decisão Pública, Bar Academia, TV Colosso, Vídeo Show, Domingão do Faustão - num total de mais de 4 mil programas.

De todos esses, os mais queridos são os humorísticos. Sherman admitia que tinha um toque de Midas no que se refere ao humor. Ele criou e dirigiu humorísticos que marcaram época. Nos primórdios da tevê brasileira, na TV Tupi, ele dirigiu os programas Pernas Pro Ar, Rua do Ri-ri-ri, Tudo é de Graça, Pintando o Seis e Show de Sorriso: “Esse foi o primeiro programa de TV que Oscarito, o astro do cinema nacional, resolveu participar”, conta Sherman. “Ele achava que não ia dar certo, porque a televisão tinha preconceito com ele. Estava errado. O programa foi um sucesso. E foi também o primeiro caso de merchandising perfeito. O Show de Sorriso era patrocinado pela pasta de dente Kolynos”. 


Nos anos 60 e 70, na TV Excelsior e na recém inaugurada TV Globo, Sherman comandou o My Fair Show, Os Engraçados, Os Impagáveis, Bairro Feliz, Riso Sinal Aberto, TV-O Canal Zero, TV 1 Canal 2, O Hotel do Porteiro Doido (com Paulo Silvino), Chico Anísio Show, Lé Com Lé, Crê Com Crê e Central do Riso, Moacir Franco Show, Faça Humor Não Faça a Guerra, o Programa Dercy Gonçalves, os Trapalhões, a TV Colosso e por mais de 15 anos foi campeão absoluto de audiência nos sábados à noite na TV Globo, com o Zorra Total: “Eu gosto muito de dirigir humor. Mas ao contrário do que parece, humor é coisa séria. Precisa de texto bom e, principalmente, aquela gente especial – os comediantes. Ao longo desses anos tive o privilégio de trabalhar com alguns dos gênios do humor brasileiro, nomes como Chico Anísio, Agildo Ribeiro, Jô Soares, Renato Corte Real, Paulo Silvino, Grande Otelo, Oscarito, Dercy Gonçalves, Costinha, Renato Aragão e o resto dos trapalhões. Ainda me lembro como o Mussum ganhou esse apelido. Foi no programa Bairro Feliz, que eu dirigi na Globo. Ele se chamava Antônio Carlos Bernardes Gomes e era oficial da aeronáutica, mas nas horas vagas participava do seu conjunto Os Originais do Samba. Eles eram presença fixa no Bairro Feliz. Mas o Mussum não gostava de aparecer muito por causa da carreira militar. Tinha medo de perder o emprego. Até que um dia o Grande Otelo entrou em cena, virou-se pro grupo dele e apontou direto pro Antônio Carlos. Tivemos que fechar a câmera nele – ‘ei você aí!’ gritou o Otelo, que na hora esqueceu o nome do Antonio Carlos e improvisou – ‘É você aí mesmo seu... Mussum!’ Mussum é um peixe de pele lisa e escura, com uma carinha sem vergonha, igualzinha à do Antônio Carlos. A platéia veio abaixo. E desse dia em diante o Antônio virou Mussum. O pior é que o oficial dele viu a cena na TV e o chamou pra conversar. ‘Quer dizer que agora o senhor é artista de tevê? Pois pode continuar! Tava muito divertido, Mussum!” Pena que ele não ficou para comemorar esses 70 junto com a gente. Ele merecia.

FIM

Foto - Sergio Zalis

#Globo #TVBrasil #Sherman


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

O EVANGELHO SEGUNDO TARANTINO




  “Se alguém tiver sorte, uma fantasia solitária pode transformar totalmente um milhão de realidades”.

Maya Angelou


Uma tendência atual da produção audiovisual americana é lançar mão de histórias baseadas em fatos reais, em momentos históricos passados e recontá-los subvertendo a verdade, dando-lhes um final feliz, como se isso fosse mudar o que já passou; como se os artistas tivessem o poder mágico de mudar o mundo e sua história.

Quem começou a fazer isso a partir de sua criatividade e talento foi o roteirista e diretor Quentin Tarantino. Ele recria visualmente o passado, busca a verdade nos seus mínimos detalhes -- seja na direção de arte, figurinos, trilha sonora e até no estilo cinematográfico que remete a essas eras -- mas o roteiro obedece apenas a sua própria e delirante fantasia.

Como um “deus” misericordioso, ele reconta histórias conhecidas e trágicas, dando a elas finais felizes. Foi assim com o herói todo poderoso de DJANGO LIVRE, que vinga os negros escravos justiçando seus senhores perversos. Em BASTARDOS INGLÓRIOS, quando queima todos os vilões nazistas trancados num cinema em chamas, Hitler inclusive. E, em ERA UMA VEZ EM...HOLLYWOOD, ao salvar do massacre as vítimas da gang de Charles Manson, castigando os assassinos violentamente em seu lugar.

Mas Tarantino não é o único que anda fazendo esse “revisionismo-retrô”. A  série HOLLYWOOD de Ian Brennan e Ryan Murphy (da Netflix), passada na capital norte-americana do cinema dos anos 40, segue um grupo de jovens sonhadores -- atores, roteiristas e diretores – que chega a Los Angeles em busca do sonho.

No filme TO BE OR NOT TO BE de Mel Brooks tem uma piada que eu acho a melhor da fita. O personagem de Mel, o astro e dono do grande teatro de Varsóvia, depois de tentar liberar sua peça da censura nazista, relata desamparado aos colegas de palco o que teve de enfrentar: “Como você explica a um oficial da Gestapo que sem judeus, ciganos (pode-se ler aqui também como negros) e gays, não se faz teatro?”

Pois em Hollywood também é impossível. Sem esses elementos não existe show business em lugar nenhum, nem hoje, nem sempre. Em 1940 não era diferente, e o grupo que protagoniza a série é formado exatamente desses elementos. Na vida real, eles trabalhavam nos bastidores de Hollywood, mas o público não sabia, ou fingia não saber disso.

Na série HOLLYWOOD esses personagem tem direito, finalmente, de sair do armário, trabalhar na indústria sem ser molestados e ainda por cima ganharem muitos Oscars...

A esperança dos produtores da série deve ser que a história da indústria revisitada dessa forma, ajude a sociedade a obter insights duradouros. A série HOLLYWOOD pinta um quadro do que poderia ter sido, cujo efeito, quem sabe, ajude Hollywood a melhorar daqui pra frente. Já que ainda está longe de ser assim.

Outra série que usa os mesmos mecanismos narrativos é a MARAVILHOSA SRA MAISEL de Amy Sherman-Palladino, com sua inebriante atmosfera dos anos 50 revisitada. Midge Maizel é uma dona de casa dos anos 1950, que se torna uma “stand up comedian” de sucesso, tão contundente e inovadora quanto o iconoclasta Lenny Bruce.

A autora Sherman-Palladino explicou que o que a excitou na proposta foi: “Ter uma história de época contada por uma mulher sobre uma mulher extraordinária”, quando em geral os protagonistas são sempre homens.

O fato é que todos esses projetos se mostraram sucesso de público - Vox Populi, Vox Dei!

E, certamente, veremos mais produções em que as verdades históricas serão deixada de lado em nome de uma fantasia catártica com final feliz. Os autores reencenam os fatos não como aconteceram, mas como gostaríamos que tivessem acontecido.

Essa proposta estética é mais do que uma questão de público. É na verdade uma forma de justiça poética. Como no final de BASTARDOS INGLORIOS, em que o alto comando nazista é incinerado por um incêndio causado por uma pilha de filmes de 35 mm, esses novos filmes pretendem destruir a mentalidade fascista preconceituosa, que há tanto tempo discrimina grandes segmentos de nossa sociedade. E isso é bom.

FIM

 



 

 


terça-feira, 8 de setembro de 2020

QUEM É HOLLYWOOD?


Vocês sabem quem foi Dolemite? Não? Pois agora vão ter a chance de conhecer. Quem tem Netflix pode assistir ao mais novo filme de Eddie Murphy DOLEMITE IS MY NAME, em que ele homenageia um artista negro do cinema “Blaxploitation” dos anos 70 chamado Rudy Ray Moore.

Rudy foi um comediante americano, músico, cantor, ator e produtor de cinema. Ele criou o personagem Dolemite, um cafetão bem-falante que virou filme em 1975 e teve duas sequências, "The Human Tornado" e "The Return of Dolemite".

Ele começou a fazer sucesso apresentando-se em bares e boates da comunidade negra dos EUA com a sua personagem, Dolemite. Vestido como cafetão espalhafatoso dos anos 70, ele contava causos rimados e cheios de palavrões. Alguns desses shows foram gravados e viraram discos, que vendiam bem nos bairros negros do país de forma clandestina. Foi assim que ele ganhou o título de “Poderoso Chefão de Rap” dado pela nova geração.

Os filmes que conseguiu produzir e atuar a duras penas, tinham qualidade cinematográfica duvidosa, mas acabaram consagrados como os de Ed Wood. Eles eram tão ruins, que acabaram agradando. Havia heróis do cinema “Blaxploitation” como Shaft, Super Fly e Jim Brown, mas Rudy acabou se tornando o comediante do gênero.

Apesar de um nome de peso em Hollywood, Eddie Murphy levou 18 anos para conseguir fazer seu projeto decolar. Finalmente agora ele presta essa homenagem a Rudy com este filme, que conta o calvário dele para se tornar um astro contra todos os obstáculos que a vida lhe impôs. Um filme de superação, mas muito divertido e com bons atores negros da atualidade, como Wesley Snipes, Chris Rock, Mike Epps, Craig Robinson, Keegan-Michael Key, Da’Vine Joy Randolph e Tituss Burgers.

Um das coisas que mais gosto do filme é o que ele mostra, para além da questão racial, como Hollywood é na verdade.

Quantas vezes no Brasil ouvi comentários sobre Hollywood, do tipo: “os americanos são o bicho papão do cinema mundial, em especial do cinema brasileiro”. Como se todos que fazem cinema aqui nos EUA fossem ricos e poderosos como os estúdios de cinema de Hollywood e seus blockbusters.

A verdade é que a grande maioria de realizadores de Hollywood, produtores, atores e demais profissionais, batalha diariamente pra conseguir uma nesguinha de sol nesta indústria que realmente é muito rica. Os estúdios porém já não são tão poderosos como eram nos anos 30 e 40.

Hoje Netflix, HBO, Amazon e demais canais a cabo e de streaming é quem dão as cartas. Os grandes estúdios investem em poucos filmes caríssimos, cheios de efeitos especiais computadorizados, para lançar em épocas certas e olhe lá.

E a Hollywood dos Dolemites, dos Ed Woods, segue a luta para fazer seus filmes, como os nossos cineastas tupiniquins (agora mais que nunca, certo?).

Por isso eu curto filmes como estes que mostram que fazer cinema não requer necessariamente o poderio dos grandes estúdios. Só um bando de caras corajosos, sonhadores e obstinados.

Recomendo muito a todos assistir DOLEMITE IS MY NAME na Netflix. Recomendo também ED WOOD de Tim Burton, BOWFINGER também com Eddie Murphy e Steve Martin, SUNSET BLVD de Billy Wilder e qualquer outro filme que mostre como Hollywood é quando a cortina do luxo e do glamour caem por terra.

#Hollywood #Dolemite #Cineman